Rúben Pacheco Correia lança livro “Rabo de Peixe – Toda a Verdade” em noite inesquecível nos Açores marcada por emoção, cultura e homenagem a Fernanda Antunes
A pitoresca vila de Rabo de Peixe, nos Açores, foi palco de uma noite memorável esta sexta-feira, 9 de maio, com o lançamento do novo livro do chef e escritor Rúben Pacheco Correia, “Rabo de Peixe – Toda a Verdade”. Muito mais do que uma simples apresentação literária, o evento transformou-se numa celebração carregada de simbolismo, cultura e emoção, com a presença de várias figuras públicas e amigos próximos do autor.
Num ambiente intimista e especial, o evento decorreu na igreja da vila — um espaço inusitado mas profundamente simbólico para os habitantes locais — onde se reuniu um público emocionado para ouvir Rúben contar, na primeira pessoa, a verdadeira história que inspirou a popular série da Netflix “Rabo de Peixe”. A obra mergulha nos bastidores do famoso naufrágio de uma embarcação de narcotraficantes que transportava centenas de quilos de cocaína e nos episódios reais que se seguiram, incluindo relatos insólitos de moradores que usaram a droga para fins improváveis.
Entre os convidados, destacou-se a presença de Fernanda Antunes, mãe de David, Michael e João, figuras queridas do panorama artístico nacional. A sua participação não passou despercebida. Emocionada, foi alvo de uma sentida homenagem, gesto que arrancou aplausos calorosos da audiência.
Os discursos foram sucedidos por leituras de trechos do livro, cada um mais impactante do que o outro. A voz de Rúben, firme mas comovida, transportou os presentes para momentos difíceis, mas também para episódios de coragem, ternura e humor inesperado.
Não faltaram memórias partilhadas, olhares cúmplices e lágrimas discretas. O público não era apenas espectador; era parte da história. Muitos reconheceram episódios, nomes e sentimentos. Aquilo que estava no papel era, afinal, também parte das suas vidas.
A noite prolongou-se com momentos de conversa, abraços e palavras trocadas em voz baixa. Havia orgulho na forma como a vila estava a ser retratada, sem filtros, sem julgamentos, apenas com verdade.
Rúben deixou claro que o seu objetivo era resgatar a dignidade de uma terra muitas vezes injustiçada. Quis mostrar que por trás dos estigmas existem pessoas reais, com histórias complexas e corações inteiros.
A obra promete abalar algumas perceções e abrir novas discussões. É um livro que não pede licença para entrar; exige ser lido com atenção e empatia.
O ar fresco dos Açores trazia consigo um sentimento de renovação. O passado continua presente, mas agora contado com mais justiça e sensibilidade.
Os moradores regressaram às suas casas com algo mais do que um livro debaixo do braço. Levaram também uma parte da sua história validada e reconhecida.
A vila, tantas vezes falada por outros, falou finalmente por si própria. E fê-lo com emoção, verdade e a força de quem não tem medo de enfrentar os seus fantasmas.
Ao fechar-se a noite, ficou a sensação de que algo importante aconteceu. Não apenas o lançamento de um livro, mas um gesto de reparação simbólica.
Rúben Pacheco Correia conseguiu transformar um episódio mediático num testemunho humano. E isso, por si só, é literatura no seu estado mais puro.