O retorno de André Ventura à campanha no último dia, mesmo contra as recomendações médicas, é um movimento estratégico e, ao mesmo tempo, simbólico. Ao decidir estar presente na arruada do Chega em Lisboa, ele não só mostra uma postura de resistência física, mas também busca transmitir a ideia de comprometimento inabalável com a missão de transformar Portugal, algo que ele já havia mencionado anteriormente.
Esse tipo de atitude pode gerar duas reações principais entre o público. Para os seus apoiantes, Ventura pode ser visto como alguém determinado, disposto a sacrificar sua saúde pelo que considera ser uma causa maior. Esse gesto pode fortalecer a imagem de um líder resiliente, que não se deixa abalar por dificuldades pessoais e continua focado na luta pelo seu partido. Por outro lado, para os seus críticos, essa atitude pode ser interpretada como uma forma de manipulação da percepção pública. Ignorar as recomendações médicas em um momento de crise de saúde pode ser visto como uma forma de buscar simpatia ou reforçar a ideia de que ele é um “herói”, enfrentando adversidades para cumprir sua missão.
É interessante notar que, ao mencionar que “muitos queriam \[ele] morto” e ao receber apoio de médicos e enfermeiros, Ventura está também reforçando um discurso de vitimização, que já parecia ser uma estratégia em episódios anteriores. Essa narrativa de ser alvo de críticas ou hostilidade pode gerar empatia, especialmente quando ele se posiciona como alguém que enfrenta essas adversidades com coragem. Essa forma de construir uma imagem de “resiliência”, mesmo que envolva certo risco à saúde, pode também fortalecer seu apelo aos eleitores que valorizam figuras de liderança fortes e determinadas.
A forma como ele encerra a campanha, com esse gesto de presença física e “luta”, também pode ser uma tentativa de deixar uma marca final antes das eleições, como uma mensagem de que, apesar de tudo, ele está ali, firme e disposto a levar adiante seus objetivos.