Micael da Silva Montoya atropelou 13 pessoas em 2022, quatro das quais morreram. Julgamento decorre em Madrid com testemunhos emocionantes.
O julgamento de Micael da Silva Montoya, o cidadão português acusado de atropelar mortalmente quatro pessoas num casamento em Torrejón de Ardoz, arredores de Madrid, arrancou com testemunhos marcantes. O caso remonta a novembro de 2022, quando Montoya, também conhecido como “El Portugués”, investiu com o carro contra uma multidão, ferindo 13 pessoas — quatro das quais acabariam por morrer, incluindo um jovem de 17 anos.
Em tribunal, o avô da noiva recordou os momentos de horror. “Levou todas as pessoas à frente. Os corpos voaram. Ninguém tinha armas e ninguém começou a bater. Somos boas pessoas”, afirmou, referindo que se encontrava no exterior do restaurante a fumar quando tudo aconteceu.
Montoya justificou a sua ação alegando que ele e os filhos estavam a ser ameaçados com tiros e que agiu por medo. No entanto, essa versão foi desmentida pela Polícia Nacional espanhola, que garantiu não ter encontrado vestígios de disparos ou invólucros de munições no local.
A mulher do acusado declarou, por seu lado, que tinha sido convidada para o casamento juntamente com os filhos e que a presença de Micael se justificava pelo facto de querer acompanhar um dos filhos, com problemas de saúde mental. Segundo a testemunha, o conflito terá começado quando alguém atirou um copo ao seu filho.
O português está agora acusado de 13 crimes de homicídio — quatro deles consumados — e enfrenta uma possível condenação de 226 anos de prisão. Ainda que a pena máxima no Código Penal espanhol esteja atualmente fixada em 40 anos, existe a possibilidade de prisão perpétua, sujeita a reavaliação após quatro décadas de cumprimento efetivo, em casos de crimes particularmente graves.
O julgamento prossegue nos próximos dias, com mais testemunhas e a análise detalhada das imagens de videovigilância do local, que poderão ser determinantes para a sentença final.