Fiz mer…matei a são!

 

PJ descarta fogo posto na casa de Jair Pereira, mas desaparecimentos mantêm mistério em Oliveira do Bairro

A Polícia Judiciária de Aveiro afastou, para já, a hipótese de fogo posto na habitação de Jair Pereira, o homem de 58 anos desaparecido há cerca de uma semana em Oliveira do Bairro. O incêndio que destruiu parte da casa terá sido provocado por um curto-circuito na garagem, segundo as conclusões preliminares das perícias.

O fogo deflagrou na noite de quinta-feira, na localidade da Murta, e atingiu principalmente o rés-do-chão da moradia. No momento do incêndio, a carrinha de Jair encontrava-se estacionada na garagem e teve de ser retirada para o exterior pelos bombeiros.

As primeiras suspeitas apontavam para a possibilidade de o incêndio ter sido deliberadamente provocado para eliminar provas, no contexto do desaparecimento do proprietário. No entanto, as análises realizadas não sustentam essa teoria.

Ainda assim, a Polícia Judiciária não descarta por completo a hipótese de investigação futura, caso surjam novas pistas ou elementos que justifiquem a reavaliação do local. A casa permanece sob vigilância enquanto decorrem outras diligências no âmbito do processo.

A par do incêndio, a investigação está centrada no desaparecimento de Jair Pereira e da sua ex-namorada, Conceição Figueiredo, conhecida como São, também desaparecida desde o mesmo período.

Ambos foram vistos pela última vez no fim de semana anterior, primeiro numa danceteria na Palhaça e depois numa padaria da zona. Esses são os últimos registos confirmados da presença dos dois.

Na madrugada de segunda-feira, Jair ainda apareceu em casa de vizinhos, revelando estar emocionalmente instável. Terá dito que precisava de se ausentar por uns dias e pediu que cuidassem da mãe, que tinha sido recentemente institucionalizada.

Esse comportamento levantou alertas entre familiares e amigos. Pouco depois, surgiram informações sobre chamadas feitas por Jair a várias pessoas, onde teria confessado ter morto São e falado em suicídio.

Uma dessas chamadas foi supostamente dirigida a um amigo próximo, onde Jair descreveu ter deixado o corpo da ex-namorada numa zona de mato. Até ao momento, essas declarações não foram confirmadas com provas físicas.

A Polícia Judiciária está a par dessas alegadas confissões e trata-as com seriedade. As diligências continuam, com buscas em áreas rurais e florestais próximas de Oliveira do Bairro.

Foram utilizados meios como drones e cães pisteiros na tentativa de encontrar pistas que levem ao paradeiro dos desaparecidos. No entanto, até agora, os esforços não tiveram sucesso.

Outro elemento que intriga os investigadores é o facto de, no mesmo dia do incêndio, os cães de Jair terem sido entregues ao canil municipal. Um gesto que, somado ao internamento da mãe, sugere preparação prévia.

Estes sinais levantam a hipótese de premeditação, o que reforça a complexidade do caso. A PJ não descarta que Jair tenha planeado todos os passos antes do desaparecimento.

A casa, apesar dos danos causados pelo incêndio, poderá ainda conter indícios relevantes. Os técnicos não excluem a realização de novas perícias em zonas específicas da moradia.

O desaparecimento simultâneo de duas pessoas, com uma ligação emocional anterior, leva os investigadores a considerar cenários graves, incluindo homicídio seguido de suicídio.

A comunidade local tem acompanhado o caso com apreensão. A ausência prolongada e o silêncio absoluto de ambos causam preocupação crescente entre familiares, amigos e vizinhos.

A PJ de Aveiro continua a tratar o caso como prioritário e mantém o apelo à colaboração da população. Qualquer informação poderá ser decisiva para o desfecho da investigação.

Apesar dos avanços nas perícias, o mistério permanece. A sucessão de eventos — desde os telefonemas perturbadores ao incêndio — traça um quadro sombrio e ainda sem respostas conclusivas.

O caso de Jair e São continua a ser um dos mais sensíveis na região nos últimos anos. Os próximos dias poderão ser determinantes para esclarecer o que realmente aconteceu.