Mistério da Murtosa: Suspeito usou “telemóvel

 

No dia em que Mónica Silva completaria 35 anos, a investigação sobre o seu desaparecimento ganha novos contornos. A jovem, grávida na altura do desaparecimento, continua por localizar desde outubro de 2023, na Murtosa. A Polícia Judiciária de Aveiro acredita que foi vítima de homicídio, com fortes indícios de premeditação por parte do principal suspeito.

Fernando Valente, empresário apontado como o envolvido direto no caso, é o centro da investigação. Novos dados divulgados nos últimos dias apontam para comportamentos calculados com o objetivo de dificultar a ação das autoridades.

Um dos aspetos mais relevantes foi o uso de um telemóvel analógico, com mais de 13 anos, utilizado por Fernando para comunicar com Mónica antes do desaparecimento. O aparelho, sem acesso à internet ou geolocalização, foi escolhido de forma a evitar rastreamento.

Este comportamento é interpretado pelos investigadores como um sinal claro de intenção deliberada de escapar à vigilância digital, dificultando a reconstituição dos últimos contactos com a vítima.

A utilização de tecnologia obsoleta permitiu ao suspeito manter comunicações fora do radar habitual das autoridades, comprometendo a recolha de provas digitais essenciais para o avanço da investigação.

A ausência de vestígios informáticos ou de geolocalização tem sido um dos maiores entraves à resolução do caso. Desde o início, a investigação deparou-se com um cenário de poucas pistas materiais.

O desaparecimento de Mónica Silva gerou enorme comoção, não apenas pela sua juventude, mas também pelo facto de se encontrar grávida. A circunstância agrava o impacto emocional e levanta questões adicionais sobre a motivação do crime.

A jovem era conhecida na comunidade e descrita como uma pessoa discreta, dedicada à família e com um círculo social estável. A notícia do desaparecimento abalou profundamente a Murtosa.

Fernando Valente já era referenciado como figura relevante no contexto da vida de Mónica. Testemunhos indicam que os dois mantinham uma relação, embora envolta em alguma reserva e tensão familiar.

O filho de Mónica afirmou, em sede judicial, que a mãe lhe teria confidenciado que Fernando era o pai do bebé. Essa revelação reforça a ligação direta entre o suspeito e a gravidez.

Mensagens trocadas entre Mónica e a irmã também comprovam a existência da relação, sugerindo que a jovem planeava esclarecer a situação com Fernando dias antes do seu desaparecimento.

A Polícia Judiciária acredita que o desaparecimento foi minuciosamente arquitetado. A escolha de meios de comunicação sem rasto, o desaparecimento súbito e a ausência de testemunhas diretas alimentam o cenário de um crime premeditado.

Apesar do tempo decorrido, as autoridades não consideram o caso encerrado. As investigações continuam no terreno e novas diligências estão a ser planeadas para seguir possíveis pistas.

A comunidade local continua a acompanhar o caso com consternação. Muitos esperam ainda que o corpo de Mónica possa ser encontrado, para que a família tenha um mínimo de paz e respostas.

A PJ tem reforçado o apelo à colaboração da população. Qualquer detalhe pode ser essencial para desbloquear o caso e permitir uma acusação formal e sustentada contra o principal suspeito.

O uso intencional de um dispositivo não rastreável é visto como um elemento perturbador. Mostra uma tentativa clara de fugir ao controlo das autoridades e manter sigilo sobre os últimos movimentos da vítima.

Esta abordagem, considerada “rudimentar” do ponto de vista tecnológico, acaba por revelar grande frieza e uma possível preparação antecipada para ocultar vestígios de um crime violento.

Para a PJ, o caso de Mónica Silva permanece prioritário. A investigação não será encerrada sem que todas as linhas de ação sejam esgotadas.

A família mantém viva a esperança de obter respostas. O silêncio prolongado e a ausência de provas conclusivas tornam o sofrimento mais duro e prolongado.

O desaparecimento de Mónica continua a marcar a região e a ser tema de debate nacional. Um ano depois, o mistério persiste, com novas revelações a lançar luz sobre a possível verdade por trás do caso.