ÚLTIMA HORA Votos dos emigrantes colocam Chega à frente no círculo da Europa e AD no fora da Europa

 

A contagem dos votos dos emigrantes nas eleições legislativas continua a decorrer, e tudo indica que os resultados finais dos dois círculos da emigração — Europa e Fora da Europa — podem ditar um cenário inesperado para o Partido Socialista.

Segundo os dados mais recentes, ainda faltam ser apurados pelo menos 151 mil votos. Este número poderá aumentar, tendo em conta que ainda é possível a chegada de mais boletins por correio até às 17 horas. O processo decorre sob grande expectativa.

Apesar da ausência de resultados oficiais consolidados, as contagens preliminares apontam para uma tendência clara: o PS poderá ficar em terceiro lugar, atrás da Aliança Democrática (AD) e do Chega, nos dois círculos da emigração.

Na contagem dos primeiros 196 mil votos, realizada entre segunda e terça-feira, os dados indicam que a AD lidera na maioria dos países fora da Europa. O Chega aparece logo a seguir, com vantagem significativa em vários pontos.

Os socialistas surgem, para já, na terceira posição, uma quebra acentuada face aos resultados anteriores. Em termos globais, o partido pode enfrentar uma derrota simbólica entre as comunidades portuguesas no estrangeiro.

No círculo Fora da Europa, a AD conseguiu somar mais de sete mil votos até terça-feira à noite. O Chega aproximou-se dos seis mil, enquanto o PS rondava os 4.500 votos.

Já no círculo da Europa, os números também mostram uma vantagem clara do Chega, que terá já alcançado cerca de 35 mil votos. Este valor é praticamente idêntico ao que obteve nas eleições anteriores.

A AD, por sua vez, somava cerca de 17 mil votos no mesmo círculo europeu. O PS, novamente, ficou atrás, com um total de aproximadamente 15 mil votos, segundo os dados apurados até então.

Um dos principais entraves ao apuramento tem sido o elevado número de votos considerados nulos. Ainda não existe um número final para o dia, mas algumas mesas relatam percentagens alarmantes.

Em certos casos, mais de metade dos votos foram descartados. Numa mesa com votos provenientes do Canadá, por exemplo, cerca de 60% não foram contabilizados por não incluir a obrigatória fotocópia do documento de identificação.

Este detalhe técnico tem prejudicado significativamente o aproveitamento do voto dos emigrantes, que muitas vezes desconhecem os requisitos legais para a validação do boletim.

As autoridades eleitorais estão conscientes do impacto destes votos nulos e não descartam a possibilidade de revisitar os procedimentos de votação postal em futuros atos eleitorais.

A participação dos emigrantes tem vindo a crescer, refletindo um maior envolvimento político das comunidades portuguesas fora do território nacional. Contudo, as dificuldades logísticas continuam a afetar a eficácia do processo.

Os votos da emigração têm particular importância nestas eleições, podendo alterar a distribuição final de mandatos e o equilíbrio parlamentar.

Com os resultados nacionais já fechados, os círculos da emigração são os únicos que permanecem em aberto, o que mantém a tensão política nos bastidores.

Os partidos seguem com atenção cada evolução da contagem, conscientes de que um deputado a mais ou a menos poderá fazer diferença na configuração das futuras alianças.

A Comissão Nacional de Eleições acompanha o processo de perto, garantindo a integridade da contagem e reforçando o apelo à paciência até que todos os votos válidos sejam devidamente apurados.

A divulgação oficial dos resultados finais poderá acontecer nas próximas horas, mas a incerteza mantém-se até que o último envelope seja aberto e validado.

O impacto simbólico de uma eventual ultrapassagem do PS por parte do Chega entre os emigrantes será analisado com atenção pelos analistas políticos nos dias que se seguem.