Pais de Fernando pode. Ter graves problemas!

O julgamento do caso Mónica Silva entrou numa fase decisiva com a audição de Manuel Valente e Rosa, pais de Fernando Valente, principal arguido no processo. A sessão em tribunal ficou marcada por momentos de elevada tensão, quando o Ministério Público confrontou o casal com contradições claras nos seus depoimentos. A acusação não hesitou: “Mentiram para proteger o filho.”

Manuel e Rosa tinham já sido, em fases anteriores da investigação, considerados suspeitos de envolvimento na ocultação do cadáver de Mónica Silva. Embora nunca tenham sido formalmente acusados, o seu papel no encobrimento dos atos do filho tem sido persistentemente escrutinado pelas autoridades.

Durante a audiência, os juízes e procuradores destacaram diversas incongruências entre os depoimentos prestados ao longo do inquérito e as declarações atuais. Em particular, os horários e movimentos de Fernando Valente nos dias que se seguiram ao desaparecimento da jovem foram alvo de interrogações minuciosas.

Rosa Cruz, visivelmente abalada, hesitou várias vezes nas respostas, chegando a contradizer-se perante perguntas diretas. Já Manuel Valente manteve um tom mais firme, mas foi também apanhado em desvios factuais e omissões graves, segundo a acusação.

O Ministério Público acusa os pais de Fernando de terem criado uma narrativa paralela para proteger o filho, omitindo informação relevante e, possivelmente, ajudando a disfarçar provas logo nos primeiros dias da investigação. Uma atitude que, a confirmar-se, poderá ter comprometido seriamente o esclarecimento célere do caso.

O tribunal mostrou particular interesse num alegado telefonema feito por Fernando à mãe, poucas horas após a presumível hora da morte de Mónica. A linha temporal apresentada por Rosa não corresponde aos registos das operadoras, o que levanta sérias suspeitas sobre a veracidade da versão apresentada.

O advogado de defesa dos pais procurou desvalorizar as discrepâncias, argumentando que o tempo decorrido e o estado emocional dos depoentes podem justificar as falhas. Mas o procurador foi perentório: “Não se trata de lapsos de memória. São omissões cirúrgicas.”

A posição da família Valente tornou-se assim um dos focos principais do julgamento. Embora Fernando Valente continue como único arguido, a insistência da acusação em envolver os pais em possíveis atos de encobrimento dá uma nova dimensão ao caso.

Recorde-se que Mónica Silva foi dada como desaparecida durante vários dias, antes de o seu corpo ser encontrado em circunstâncias suspeitas, num local de difícil acesso. A autópsia revelou sinais de violência e indícios de tentativa de ocultação do cadáver.

O silêncio prolongado de Fernando e as tentativas de desviar a atenção durante os primeiros dias de investigação foram desde cedo interpretadas como sinais de culpa. Agora, com os pais a serem postos em causa pelo próprio tribunal, o cerco parece apertar-se em torno da família.

As próximas sessões prometem mais revelações, com novas testemunhas a serem chamadas, incluindo vizinhos, amigos próximos e técnicos forenses. Espera-se também a apresentação de provas periciais cruciais para a cronologia dos acontecimentos.

A possibilidade de novas acusações formais não está fora de hipótese, caso fique provado que houve obstrução voluntária à justiça por parte de Manuel Valente e Rosa Cruz. Ainda que não tenham participado diretamente no crime, a cumplicidade familiar é agora uma linha forte de investigação.

Este novo desenvolvimento veio reacender o debate público sobre os limites da proteção familiar em contexto judicial. Até onde pode ir o instinto de proteger um filho, sem colidir com os deveres legais e morais de colaborar com a justiça?

O país continua a seguir o caso com atenção. A comoção provocada pela morte de Mónica Silva, jovem universitária de 22 anos, continua a marcar profundamente a opinião pública, que exige respostas — e justiça.

A próxima audiência está marcada para o final da semana, e promete confrontos ainda mais diretos entre a acusação e os membros da família Valente. A tensão em tribunal aumenta a cada dia, num julgamento que parece longe de terminar.