O julgamento do caso Mónica Silva continua a atrair atenções, desta vez com a audição de Manuel Valente e Rosa Cruz, pais de Fernando Valente, uma das figuras centrais do processo. O casal foi ouvido esta semana em tribunal, e os seus depoimentos levantaram novas dúvidas e inconsistências que a acusação promete explorar com maior detalhe.
Durante a sessão, os pais foram confrontados com uma série de contradições em relação a declarações anteriores. O tribunal procura perceber até que ponto tiveram conhecimento ou envolvimento indireto nos acontecimentos relacionados com Mónica Silva, cujo desaparecimento e posterior morte abalaram profundamente a opinião pública.
Apesar de afirmarem desconhecimento de certos factos, os juízes e o Ministério Público sublinharam que há elementos documentais e testemunhais que apontam para lacunas nas suas versões. Algumas datas, comportamentos e até supostas conversas familiares estão agora sob escrutínio.
O juiz do processo foi direto ao afirmar que os dois “vão ter de explicar situações que os colocam em xeque”, insinuando que ou houve omissão de informação relevante, ou uma tentativa consciente de proteger Fernando Valente.
O ambiente na sala de audiências foi tenso. Rosa Cruz mostrou-se emocionalmente abalada durante o interrogatório, enquanto Manuel Valente manteve um tom mais contido, embora visivelmente desconfortável com as perguntas mais incisivas.
Entre os pontos mais delicados está a presença de Fernando em casa dos pais em dias cruciais para o inquérito. A defesa tem tentado justificar essas ausências com motivos pessoais, mas a acusação alega que há indícios de ocultação ou cumplicidade passiva.
O papel da família Valente neste processo está a ganhar peso inesperado. Ainda que não estejam formalmente acusados, os seus testemunhos podem ter impacto decisivo no desfecho do julgamento. A possibilidade de responsabilidade moral ou encobrimento é uma linha que a investigação não descarta.
Além disso, o comportamento de Fernando Valente após o desaparecimento de Mónica — descrito por alguns como frio e evasivo — é agora analisado também à luz do seu contexto familiar. O tribunal quer saber se houve alertas ignorados ou sinais minimizados.
O caso Mónica Silva tem-se revelado complexo e emocionalmente carregado. A jovem foi dada como desaparecida durante semanas, até que o seu corpo foi encontrado em circunstâncias suspeitas. Fernando Valente continua como principal arguido, acusado de homicídio qualificado.
A cada sessão, o tribunal aproxima-se de uma teia mais intrincada, onde a linha entre omissão e participação ativa parece cada vez mais ténue. O depoimento dos pais pode ter consequências imprevisíveis para o rumo do julgamento.
As próximas semanas serão cruciais, com mais testemunhas a serem chamadas e provas técnicas a serem analisadas. A opinião pública continua atenta, num caso que levanta questões profundas sobre violência, relações familiares e responsabilidade individual.