José Alberto de Carvalho luto!

José Alberto de Carvalho, uma das figuras mais respeitadas do jornalismo em Portugal, atravessa um dos momentos mais dolorosos da sua vida com a morte do pai, Mário Borges, aos 88 anos. A notícia tocou profundamente não só os que lhe são próximos, mas também o público que o acompanha há décadas, reconhecendo nele um rosto firme, credível e humano nos ecrãs da televisão.

Natural de Meda de Mouros, no concelho de Tábua, Mário Borges era uma figura discreta, mas tida como fundamental na formação de caráter e valores do jornalista. Aqueles que conheceram pai e filho referem a forte ligação entre ambos — uma relação marcada por respeito, proximidade e orgulho mútuo.

Mário Borges já tinha enfrentado sérios problemas de saúde no passado. Em 2017, foi internado de urgência por insuficiência cardíaca, situação que, à época, deixou José Alberto de Carvalho profundamente abalado. Apesar do susto, conseguiu recuperar e manteve-se acompanhado pela família até aos últimos dias de vida.

A morte de um pai é sempre um golpe que mexe profundamente com o íntimo de qualquer pessoa — ainda mais quando essa perda acontece de forma serena, após uma longa vida, mas carrega consigo uma história cheia de significado. Para José Alberto, conhecido pelo rigor e sobriedade em antena, este momento representa uma dor que extravasa qualquer guião.

O jornalista optou, até ao momento, por não fazer qualquer declaração pública. Como sempre, preserva a sua vida pessoal com a mesma discrição que aplica ao exercício do jornalismo. No entanto, o silêncio tem sido preenchido por uma onda de solidariedade vinda de colegas, amigos e de milhares de telespectadores.

Nas redes sociais, multiplicam-se mensagens de apoio, partilhas de condolências e agradecimentos emocionados de quem sente que cresceu com a presença de José Alberto nas noites informativas. A empatia é notória — não apenas pela sua figura profissional, mas pelo homem que transmite ser fora das câmaras.

O ambiente na redação da TVI é, neste momento, de respeito e contenção. Fontes internas referem que vários colegas ofereceram-se para substituí-lo temporariamente, caso deseje afastar-se para viver o luto com tranquilidade. A estação, até agora, apenas emitiu palavras de pesar e apoio ao jornalista.

A cerimónia fúnebre de Mário Borges deverá decorrer nos próximos dias em Tábua, terra que viu nascer e crescer o patriarca da família. Espera-se uma cerimónia íntima, longe das câmaras e do mediatismo, em coerência com a postura reservada que sempre caracterizou os Borges.

Mais do que uma figura pública a sofrer, vê-se agora um filho a despedir-se de um pai. Um jornalista que tantas vezes anunciou tragédias e histórias de vida dos outros, vive agora a sua própria narrativa de perda e saudade.

Momentos como este lembram-nos de que, por detrás dos rostos que vemos diariamente na televisão, há pessoas com histórias, famílias, afetos e dores. José Alberto, que tantas vezes levou a notícia até às casas dos portugueses, é hoje ele mesmo o protagonista de uma notícia que comove e humaniza.

Ao longo da sua carreira, sempre procurou distinguir o essencial do acessório, a verdade da emoção fácil. E agora, quando a vida o obriga a parar e a olhar para dentro, o essencial é só um: a memória, o legado, o amor de um pai.

O público, com quem partilhou tantas noites de informação, devolve agora com gestos de carinho tudo aquilo que dele recebeu. Num país onde tantas vezes se esquecem os que nos informam, hoje o país lembra-se — e está com ele.

José Alberto de Carvalho, que ao longo da carreira sempre encontrou as palavras certas para momentos difíceis, hoje não precisa de falar. O silêncio, neste caso, diz tudo — e o respeito por esse silêncio é, também, uma forma de homenagem.

Neste tempo de luto, o jornalista leva consigo a certeza de que o pai vive no que construiu, nos valores que deixou e na dignidade com que será lembrado. Que encontre serenidade para viver este momento com o mesmo equilíbrio com que sempre nos habituou.

O país está com ele. Em silêncio, mas de coração cheio.