Novas revelações caso meddie Gonçalo Amaral quebra o silêncio…ver mais

 

Gonçalo Amaral voltou a pronunciar-se de forma contundente sobre o caso Maddie, desta vez no programa Linha Aberta. O ex-coordenador da Polícia Judiciária, que liderou a investigação inicial ao desaparecimento de Madeleine McCann em 2007, teceu duras críticas à forma como os primeiros momentos da investigação foram conduzidos.

Segundo Amaral, um dos principais erros cometidos logo após o desaparecimento da menina britânica foi não se ter ativado de imediato o protocolo de homicídio, que, de acordo com ele, é essencial em casos de desaparecimento de crianças. Essa falha, afirma, impediu a recolha de provas valiosas que poderiam ter feito toda a diferença.

O antigo investigador defende que a hipótese de rapto foi adotada demasiado cedo, sem base factual sólida, o que condicionou toda a linha de investigação que se seguiu. “A única conclusão possível é que não existiu rapto”, afirmou de forma categórica durante a entrevista.

Para Gonçalo Amaral, deveriam ter sido feitas escutas ambientais, vigilâncias discretas e um maior controlo dos movimentos das testemunhas ainda nas primeiras horas após o desaparecimento. “Foi uma oportunidade perdida para apurar a verdade”, lamentou.

A crítica não se ficou apenas pela polícia portuguesa. O ex-coordenador apontou também o dedo à pressão mediática e diplomática que envolveu o caso desde o início, o que, na sua visão, terá dificultado uma investigação objetiva e imparcial.

O vídeo da sua intervenção, divulgado no programa, voltou a reacender o debate sobre o que realmente aconteceu na noite em que Madeleine desapareceu do apartamento onde dormia, na Praia da Luz, Algarve.

Mais de 17 anos depois, o caso continua sem uma conclusão definitiva. As investigações continuam abertas em Portugal, no Reino Unido e na Alemanha, onde o principal suspeito, Christian Brückner, está a ser investigado por outros crimes sexuais.

Gonçalo Amaral, por sua vez, mantém a sua posição há vários anos: considera que não houve rapto e que a investigação seguiu caminhos errados, baseando-se mais em suposições do que em evidência concreta.

O seu livro “A Verdade da Mentira”, publicado após a sua saída da PJ, gerou forte polémica e levou inclusive a processos judiciais por parte dos pais de Maddie, Kate e Gerry McCann, que sempre rejeitaram as acusações implícitas no livro.

Ainda assim, Amaral continua a ser uma das vozes mais críticas e insistentes em relação à investigação do caso. Muitos veem nele alguém que não desistiu de procurar respostas; outros, consideram que alimenta teorias infundadas.

No programa, a sua linguagem foi clara, direta e sem rodeios. Falou com a convicção de quem acredita que houve erros graves — e talvez irreversíveis — logo nas primeiras horas após o desaparecimento.

De acordo com Amaral, qualquer investigação a um desaparecimento infantil deve começar com a hipótese mais grave: a de homicídio. Só após excluir essa possibilidade, se deve considerar outras linhas de investigação.

A ausência dessa abordagem em 2007, diz, comprometeu não só o apuramento da verdade, mas também a confiança pública na eficácia da investigação policial portuguesa.

A sua intervenção no Linha Aberta gerou inúmeras reações nas redes sociais, dividindo opiniões entre os que o apoiam e os que consideram que as suas declarações são prejudiciais ao processo ainda em curso.

Apesar de já não estar envolvido formalmente no caso, Gonçalo Amaral continua a acompanhar de perto todos os desenvolvimentos e a partilhar publicamente as suas análises.

O caso Maddie, marcado por incertezas, contradições e polémicas mediáticas, permanece até hoje um dos maiores mistérios criminais da história recente. E vozes como a de Amaral continuam a manter o debate aceso.

Para muitos, há ainda perguntas sem resposta. Para Amaral, as respostas existem — apenas não foram procuradas da forma certa.