Governo português abre investigação à primeira morte associada ao apagão elétrico de abril
O Governo português confirmou esta sexta-feira, 2 de maio, a abertura de uma investigação à morte de uma mulher de 77 anos, considerada a primeira vítima mortal diretamente associada ao apagão elétrico que afetou a Península Ibérica no passado dia 28 de abril. A idosa, residente em Portugal, dependia de um respirador artificial que terá deixado de funcionar durante a falha de energia, alegadamente sem qualquer suporte alternativo disponível de forma imediata.
Esta ocorrência contraria as declarações iniciais das autoridades, que haviam garantido não existirem vítimas ou situações críticas relacionadas com o colapso da rede elétrica. A confirmação do óbito está a gerar forte indignação pública e já motivou reações no plano político.
A Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, ordenou uma auditoria urgente para apurar responsabilidades e avaliar os procedimentos adotados pelas entidades de saúde e proteção civil durante a emergência energética. Em paralelo, o Governo anunciou a criação de uma comissão independente que irá acompanhar o caso e recomendou à Comissão Europeia a realização de uma auditoria técnica ao sistema elétrico peninsular.
“Estamos perante uma situação grave que exige total transparência e celeridade na resposta. É fundamental garantir que pessoas dependentes de equipamentos médicos vitais estão devidamente protegidas em cenários de falha energética”, declarou a ministra.
Recorde-se que o apagão teve origem numa falha na interligação da rede elétrica entre França e Espanha, provocando um efeito dominó que deixou milhões de pessoas sem eletricidade durante várias horas, tanto em Portugal como em Espanha. O corte afetou serviços essenciais, incluindo os transportes públicos, comunicações móveis, unidades hospitalares e o abastecimento de água em algumas regiões.
A morte da idosa expôs fragilidades no planeamento e resposta a situações de emergência, sobretudo no que diz respeito à proteção de utentes com dependência de dispositivos elétricos. Várias associações de doentes e organizações da sociedade civil exigem agora medidas concretas para reforçar a segurança e os planos de contingência para os mais vulneráveis.