Esse discurso de André Ventura representa uma estratégia política bem calculada, que visa consolidar a narrativa de vitória mesmo antes da divulgação oficial dos resultados. Ao afirmar que “já se sabe quem vence”, Ventura procura assumir protagonismo e moldar a perceção pública, independentemente dos números concretos. A ideia de que o Chega “já conquistou o seu maior objetivo” — influenciar o debate político — permite-lhe apresentar o partido como vitorioso no plano simbólico e ideológico, o que pode reforçar a sua legitimidade junto do eleitorado.
A retórica de “viragem histórica” e de que “nada voltará a ser como antes” reforça a intenção de Ventura de reposicionar o Chega como uma força política estruturante, não apenas como voz de protesto. É uma tentativa de capitalizar o crescimento do partido e pressionar os adversários a reconhecê-lo como alternativa viável ao poder.
No plano mais amplo, este tipo de discurso pode ter implicações significativas no comportamento dos outros partidos, que se verão cada vez mais pressionados a reagir ao posicionamento do Chega, seja por aproximação, seja por oposição. A evolução desse cenário dependerá fortemente dos resultados oficiais e das alianças (ou rejeições) que deles decorrerem.