Maria Teresa Horta – Flickr
Maria Teresa Horta, uma das vozes mais importantes da literatura portuguesa e figura central do feminismo em Portugal, faleceu esta terça-feira, dia 4 de fevereiro, aos 87 anos. A escritora, poeta e jornalista era a última sobrevivente do trio conhecido como as “Três Marias”, que incluiu também Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, e que marcou a história cultural e política do país com a obra Novas Cartas Portuguesas, publicada em 1972.
Uma vida dedicada à literatura e ao feminismoMaria Teresa Horta deixou um legado imenso na literatura, no jornalismo e na luta pelos direitos das mulheres. A editora Dom Quixote, responsável pela publicação de grande parte da sua obra, descreveu-a como “uma das personalidades mais notáveis e admiráveis” do Portugal contemporâneo. Num comunicado partilhado nas redes sociais, a editora destacou o seu papel como “reconhecida defensora dos direitos das mulheres e da liberdade, numa altura em que nem sempre era fácil assumi-lo”.
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A sua obra, que inclui poesia, ficção e ensaios, continuará a inspirar gerações de leitores. Maria Teresa Horta não só lutou pela liberdade de expressão e pela igualdade de género, como também se tornou um símbolo de resistência e coragem durante o Estado Novo, período em que Novas Cartas Portuguesas foi censurado e levou as autoras a tribunal, num caso que ganhou repercussão internacional.
Um legado que permaneceMaria Teresa Horta nasceu em Lisboa em 1937 e desde cedo se destacou pela sua escrita provocadora e pela defesa intransigente dos direitos das mulheres. A sua poesia, marcada por uma linguagem sensual e poderosa, desafiava convenções e abria caminho para novas formas de expressão feminina. Entre as suas obras mais conhecidas estão Minha Senhora de Mim (1971), Ema (1984) e As Luzes de Leonor (2011), este último um romance histórico sobre a Marquesa de Alorna.
A sua morte representa “uma perda de dimensões incalculáveis para a literatura portuguesa, para a poesia, o jornalismo e o feminismo”, como sublinhou a Dom Quixote. A escritora deixa um vazio no panorama cultural português, mas a sua voz e o seu legado continuarão a ecoar, inspirando futuras gerações.
Maria Teresa Horta será sempre lembrada como uma mulher à frente do seu tempo, cuja coragem e talento transformaram não só a literatura, mas também a sociedade portuguesa. A sua partida é uma perda irreparável, mas a sua obra permanece como um farol de liberdade e inspiração.